segunda-feira, 7 de julho de 2014

“O modelo dos modelos” de Italo Calvino e a sua relação com o AEE.



Texto “O modelo dos modelos” de Italo Calvino e a sua relação com o AEE.




O texto nos leva a uma reflexão sobre o nosso papel quanto educadores do AEE e sobre a própria construção e reconstrução da Educação longo da sua História.
 O modelo tradicionalista e toda a pedagogia Liberal buscava uma educação homogênea, em que todos tinham que seguir o caminho da mesma forma percebendo a mesma “pedra no meio caminho” como bem escreveu Carlos Drummond de Andrade. Aqueles que não conseguissem seguir o modelo apresentado pela escola, eram excluídos do contexto escolar, ou melhor, dependendo das limitações, não podia chegar perto da escola. E o que mais dói neste modelo é saber que as pessoas não eram vistas como pessoas que podiam avançar e alcançar êxito, sua aparência era quem o definia como capaz ou incapaz, e assim, muito gênios certamente, ficaram “trancados “ ou” traumatizados” pelo simples fato de não coincidirem com a perfeição esperada pelo modelo pensado.

[...] A regra do senhor Palomar foi aos poucos se modificando: agora já desejava uma grande variedade de modelos, se possíveis transformáveis uns nos outros segundo um procedimento combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço. [...] Analisando assim as coisas, o modelo dos modelos almejado por Palomar deverá servir para obter modelos transparentes, diáfanos, sutis como teias de aranha; talvez até mesmo para dissolver os modelos, ou até mesmo para dissolver-se a si próprio.

Analisando  citações do texto acima, podemos refletir e comparar com a culminância do grande Marco Legal: A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação inclusiva, pois assim como Palomar que “agora já desejava uma grande variedade de modelos, se possíveis transformáveis uns nos outros segundo um procedimento combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço.” Esta política propõe este novo olhar para a Educação que propõe e obriga as escolas receberem todos os alunos, seja ele com ou sem deficiência. Este documento reconhece que é possível transformar, só precisa buscar com paciência os elementos combinatórios para as diversas realidades, afinal somos iguais nas nossas diferenças. É neste contexto que nasceu o AEE(Atendimento Educacional Especializado),e para que o AEE aconteça é preciso que todas as pessoas que fazem parte a educação apaguem da mente o modelo dos modelos, e pode-se dizer que o AEE é o novo que se depara face a face com a realidade mal padronizável e não homogeneizável. No AEE tudo é percebido como possível de acontecer, claro respeitando o momento, as habilidades e as dificuldades de cada pessoa,  as pessoas são vistas como capazes e únicas.

No AEE não existe receita pronta, é uma descoberta a cada dia e aquilo que, muitas vezes, achamos impossível de resolver ou avançar, por não desistir, tudo se transforma, buscando  compreender o todo,  enxergar a pessoa e não a sua deficiência, não se pergunta o que ele sabe, busca-se oferecer ferramentas para novas descobertas e assim vai-se ampliando o seu repertório de ideias, descobertas, habilidades e procura junto com o outro superar os obstáculos.  
 Tanto o senhor Palomar quanto os educadores do AEE se apresentam como pessoas que sabem que precisam mudar sua postura diante das coisas do mundo e que precisam fazer algo para que todas as pessoas sejam livres e respeitas na sociedade em que vivem, e que acima de tudo possam viver ativamente, uns com os outros.


Referências:
CALVINO, Italo - Texto:  O Modelo  dos Modelos.

RAPOLI,E.;MANTOAN,M.T.;SANTOS,M.T.;MACHADO,R.; -A Educação Especial na Perspectiva da Educação Escolar- A Escola  Comum Inclusiva- ME/SEE/UFC- Brasília.2010




Um comentário:

  1. Olá Mabel!
    Ainda bem que somos diferentes em nossas histórias e experiências de vida. Somos frutos desse caminhar e devemos ser respeitados por isso.
    Abraços fraternais,
    Waldenice

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