quinta-feira, 13 de março de 2014





                        Educação Escolar  de Pessoas com Surdez

   

           Estudar a educação escolar das pessoas com surdez nos reporta não só a   questões referentes aos seus limites e possibilidades, como também aos preconceitos existentes nas atitudes da sociedade para com elas.
          Essas pessoas enfrentam inúmeros entraves para participarem da educação escolar, decorrentes da especificidade do limite que a perda da audição provoca e da forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas. Muitos alunos com surdez podem ser prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo, sócio-afetivo, lingüístico e político-cultural e ter perdas consideráveis no desenvolvimento da aprendizagem, ficando aquém dos demais colegas de escola.
          Diante desse quadro situacional, o importante, a nosso ver, é buscar nos confrontos, nos embates promovidos pelo encontro entre as diferenças, novos caminhos para a vida em coletividade, dentro e fora das escolas e, sendo assim, questionamos: Como seria atuar com alunos com surdez, em uma escola comum que reconhece e valoriza as diferenças? Que processos curriculares e pedagógicos precisam ser criados para atender a essa diferença, considerando a escola aberta para todos e, portanto, verdadeiramente inclusiva?.Consideramos que a escola comum é a melhor escola para as pessoas com surdez,mas os discursos e as práticas educacionais escolares, em sua maioria, não conseguiram, ainda, responder às questões acima formuladas, continuando a normalizar e a naturalizar as diferenças nas salas de aula. Não é isso, contudo, que a inclusão escolar propõe. A inclusão escolar implica mudança paradigmática, ou seja, uma nova concepção de homem, de mundo, de conhecimento, de sociedade, de educação e de escola, pautada na heterogeneidade, na não dualidade, na não fragmentação, nas diferenças multiculturais e no que existe de original e singular nos seres humanos.Segundo Damázio(2010):
    “ O problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar centrado nessa ou naquela língua,como ficou até agora, mas deve levar-nos  a compreender  que o foco do  fracasso escolar não está só nessa questão,  mas também  na  qualidade e na  eficiência das práticas pedagógicas “.
            A dificuldade do surdo em adquirir a linguagem nos primeiros anos de vida reflete em todo seu desenvolvimento mental, emocional e na sua integração social.
Baseado em concepções sociológicas, filosóficas e políticas, surgiu no final da década de 70 a Proposta Bilíngue de Educação do Surdo.
            A Proposta Bilíngue não privilegia um língua, mas quer dar direito e condições ao individuo surdo de poder utilizar duas línguas; portanto, não se trata de negação mas de respeito; o individuo escolherá a língua que irá utilizar em cada situação linguística em que se encontrar. Segundo(Sanchez,1991):

                          “Falar em bilinguismo no campo da educação dos surdos é   fazer referência a algo muito concreto, e algo sem controvérsias à luz dos conhecimentos atuais da linguística: a existência de duas línguas ao redor dos surdos. Dito de outra forma, o bilinguismo reconhece que o surdo vive numa situação bilíngue”.

             Em resumo a toda essa situação,é preciso provocar um impacto político-social e educacional, rompendo com os modos lineares do pensar e do agir humano e reconstruir as escolas, de modo que ostente valores e atitudes diferentes, frente às suas práticas educacionais. Há que se pensar em uma escola que se organiza para todos e na qual todas as diferenças sejam reconhecidas e valorizadas.




Referência Bibliográfica:

DAMÁZIO,M. F.;FERREIRA, J.P. - Educação Escolar de Pessoa com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção- Coletânea UFC-MEC/2010,p.46-57.




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