Educação
Escolar de Pessoas com Surdez
Estudar a educação escolar das pessoas
com surdez nos reporta não só a questões
referentes aos seus limites e possibilidades, como também aos preconceitos
existentes nas atitudes da sociedade para com elas.
Essas pessoas enfrentam inúmeros
entraves para participarem da educação escolar, decorrentes da especificidade
do limite que a perda da audição provoca e da forma como se estruturam as
propostas educacionais das escolas. Muitos alunos com surdez podem ser
prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo,
sócio-afetivo, lingüístico e político-cultural e ter perdas consideráveis no
desenvolvimento da aprendizagem, ficando aquém dos demais colegas de escola.
Diante desse quadro situacional, o
importante, a nosso ver, é buscar nos confrontos, nos embates promovidos pelo
encontro entre as diferenças, novos caminhos para a vida em coletividade,
dentro e fora das escolas e, sendo assim, questionamos: Como seria atuar com
alunos com surdez, em uma escola comum que reconhece e valoriza as diferenças?
Que processos curriculares e pedagógicos precisam ser criados para atender a
essa diferença, considerando a escola aberta para todos e, portanto,
verdadeiramente inclusiva?.Consideramos
que a escola comum é a melhor escola para as pessoas com surdez,mas os
discursos e as práticas educacionais escolares, em sua maioria, não
conseguiram, ainda, responder às questões acima formuladas, continuando a
normalizar e a naturalizar as diferenças nas salas de aula. Não é isso,
contudo, que a inclusão escolar propõe. A inclusão escolar implica mudança
paradigmática, ou seja, uma nova concepção de homem, de mundo, de conhecimento,
de sociedade, de educação e de escola, pautada na heterogeneidade, na não
dualidade, na não fragmentação, nas diferenças multiculturais e no que existe
de original e singular nos seres humanos.Segundo Damázio(2010):
“ O
problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar centrado nessa
ou naquela língua,como ficou até agora, mas deve levar-nos a compreender
que o foco do fracasso escolar
não está só nessa questão, mas
também na qualidade
e na eficiência das práticas pedagógicas “.
A dificuldade do surdo em adquirir a
linguagem nos primeiros anos de vida reflete em todo seu desenvolvimento
mental, emocional e na sua integração social.
Baseado
em concepções sociológicas, filosóficas e políticas, surgiu no final da década
de 70 a Proposta Bilíngue de Educação do Surdo.
A
Proposta Bilíngue não privilegia um língua, mas quer dar direito e condições ao
individuo surdo de poder utilizar duas línguas; portanto, não se trata de
negação mas de respeito; o individuo escolherá a língua que irá utilizar em
cada situação linguística em que se encontrar. Segundo(Sanchez,1991):
“Falar
em bilinguismo no campo da educação dos surdos é fazer referência a algo muito concreto, e
algo sem controvérsias à luz dos conhecimentos atuais da linguística: a
existência de duas línguas ao redor dos surdos. Dito de outra forma, o
bilinguismo reconhece que o surdo vive numa situação bilíngue”.
Em resumo a toda essa situação,é preciso provocar um impacto
político-social e educacional, rompendo com os modos lineares do pensar e do
agir humano e reconstruir as escolas, de modo que ostente valores e atitudes
diferentes, frente às suas práticas educacionais. Há que se pensar em uma
escola que se organiza para todos e na qual todas as diferenças sejam
reconhecidas e valorizadas.
Referência
Bibliográfica:
DAMÁZIO,M.
F.;FERREIRA, J.P. - Educação Escolar de Pessoa com Surdez - Atendimento
Educacional Especializado em Construção- Coletânea UFC-MEC/2010,p.46-57.